No segundo semestre de 2017 aconteceu na sede do CRA-SP o Administra Jr, evento focado em empresas juniores. Muitas das principais faculdades estavam representadas pelos seus alunos. Fui um dos palestrantes para falar sobre ciclo de vida de relacionamento com clientes no mundo de consultoria. Dentre as muitas mensagens, obtidas através de ex-alunos, professores e profissionais do mercado, foi amplamente abordada a necessidade de saber qual o papel da empresa júnior, tanto do ponto de vista de produto quanto do ponto de vista de público-alvo.
Durante as interações com os participantes do workshop, debatemos a construção da confiança, principal condutor da tomada de decisão em consultoria. Discutimos modelos de aceleração do relacionamento, num bate-papo produtivo e que abriu uma grande margem para questionamento dentro do mundo da Administração.
As empresas juniores que possuem ciclos de vida mais curtos (de lead a projeto) têm na própria faculdade a fonte de inovação que faz com que o mercado as procurem. São exemplos os cursos de engenharia e de propaganda e marketing. Estas instituições conseguiram uma visibilidade no mercado para que temas relacionados a inovação e melhoria sejam produzidos pelos alunos. Criou-se a imagem de que estas escolas estão na vanguarda na produção de conhecimento inovador. Por associação, as empresas juniores, braço operativo da consultoria praticada pelos próprios alunos, obtêm vantagem competitiva e veem-se encurtando caminhos.
Havia uma mensagem importante aos estudantes de Administração presentes: que lição poderia ser tomada? Ou seja, como fazer com que as faculdades de Administração se posicionem como centro de inovação no seu segmento de atuação?
A resposta é complexa e envolve muitas pontas. Envolve mobilização da faculdade, um novo norte a ser dado pelos gestores do curso, apoio para que projetos e ideias sejam viabilizadas, investimento em eventos e em propaganda para que haja divulgação, e mais muitos outros pontos. Trata-se, assim, de um projeto de longo prazo, cujos resultados serão colhidos pelos alunos ainda por se matricularem no curso.
Colocar em movimento uma ação integrada de revisão da postura das faculdades significa questionar o papel do próprio curso de Administração. Estamos explorando o máximo do potencial disponível? O ideal do curso está sendo disseminado e aplicado corretamente? Até que ponto é possível se produzir conteúdo novo num setor dominado por acadêmicos?
Exige-se, portanto, uma energia vital que não será encontrada dentro da academia, mas pelos próprios estudantes de Administração. São os alunos o motor de busca de novas técnicas e ferramentas que expandam o conhecimento e possa atualizar o que é visto em aula com as melhores práticas do mercado. Mais do que isso, são as empresas juniores que detém o elo primordial de unir a academia, os alunos e a visão de mercado. Está escancarada a oportunidade para que se tornem a vanguarda da Administração no Brasil.
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