Estive em inúmeras entrevistas durante a minha carreira. Você é chamado, se prepara, está confiante… Mas algumas coisas acontecem que são sinal claro de alerta. Listei 7 motivos para sair correndo de uma entrevista e nunca mais retornar.

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Estive em inúmeras entrevistas durante a minha carreira, mais até do que seria desejável. Esta rodagem, no entanto, me fez aprender sobre o processo de entrevistar e pescar algumas dicas importantes sobre como proceder. Adicionalmente, você pode ler neste outro artigo que, às vezes, uma entrevista fora do comum pode ser o melhor caminho.

Quando você é chamado para uma entrevista, como você se prepara, ou deveria se preparar? A partir desta pergunta, certamente você deve estar considerando estudar a empresa, acessar o website, buscar feedback de clientes, adicionar seu entrevistador no LinkedIn, e assim por diante. Estas são atividades básicas, o dever-de-casa, por assim dizer, certo? Desta maneira, quando chega o dia e a hora, você está confiante, se sente preparado. Apesar de toda sua preparação, muitas vezes as coisas não vão bem durante a entrevista. Algumas destas podem e devem ser ignoradas, por corriqueiras e desimportantes. Outras, no entanto, são sinal claro de alerta, de que a companhia não está assim tão preocupada com seus funcionários.

Listei abaixo 7 motivos para sair correndo de uma entrevista e nunca mais retornar.

7. Sem feedback

Não ter feedback após uma entrevista é, infelizmente, comum no mundo corporativo. Mesmo quando você sai com a sensação de que tudo correu bem, conforme o planejado… Não há retorno. Nem uma ligação, ou um e-mail, nada. Você fica no escuro. O que o entrevistador deveria pensar é “o candidato reservou seu tempo e seus recursos para vir aqui na empresa, o mínimo que posso oferecer é um retorno.” Incontáveis vezes isto aconteceu comigo, e estou certo de que com você também.

6. Sem foco durante a entrevista

Lá você está, contando a sua história, mas… o telefone toca, um e-mail precisa ser respondido, olha-se o relógio constantemente, um bocejo surge… A mente divaga e é nítido que o entrevistador está fora de foco, está em outro lugar. Claro, às vezes algo pode surgir inesperadamente. Nestes casos de foco difuso, o correto por parte do entrevistador – talvez proposto pelo entrevistado – seria adiar a entrevista e remarcar para um momento mais oportuno. O problema é quando o entrevistador quer prosseguir, independentemente de como isso vai impactar na avaliação do entrevistado. Saiba: neste cenário, você será certamente desqualificado.

5. Desculpar-se por… qualquer coisa que apareça

“Peço desculpas, mas eu tenho que sair em 30 minutos”; “Desculpa pelo atraso”; “Perdão, mas surgiu algo urgente aqui e preciso responder um e-mail”. Não importa a razão, se o entrevistador entra na sala cheio de desculpas a pedir, você está perdido. O trabalho não será seu. Neste caso, tente remarcar para um outro dia. Se não for possível remarcar, esqueça, bola pra frente.

4. Estar atrasado

Não consigo encontrar uma boa razão para que o entrevistador deixe alguém esperando sem aviso. Entenda: não estou questionando a possibilidade de algo urgente ter surgido. Questiono, sim, a não preocupação em avisar sobre o atraso. Há sempre um colega de trabalho, recepção, assistente, que poderá transmitir a mensagem a você. Esta atitude implica um dos dois pensamentos: ou “eu sou mais importante, tenho coisas mais relevantes para fazer”; ou “costumo esquecer das pessoas”. Seja qual for, é certo que você jamais será  prioridade.

3. Mentir e enganar

Acredite, muitas pessoas – e consequentemente empresas – acreditam que esta é a melhor forma de contratar alguém. Este pensamento é tão mediocre que chega-se a duvidar de que realmente ocorra. Infelizmente, acontece, não raramente.

Você pode identificar estes problemas por algumas vias. Você pergunta algo sobre a empresa – questões sobre ambiente de trabalho são campo propagador de mentiras por entrevistadores. Pela sua lição prévia, você leu artigos, viu na TV, ou tem conhecidos trabalhando na empresa. A resposta, no entanto, contradiz tudo, exalando mentiras.

Ao mesmo tempo, joguinhos e truques durante a entrevista são sinais de “saia de lá o quanto antes”. Exemplos são a rotina “good cop, bad cop”, ou fazer o entrevistado esperar por horas de propósito. O argumento utilizado é o de “quero saber como o entrevistado se comporta nestas situações”. Estes artifícios e racionalizações, no entanto, não são válidos. Se isto ocorre durante a entrevista, quando você saberá o que é verdade no dia-a-dia do trabalho?

2. Não leu o currículo

É algo tão simples, tão básico, tão mundano, que não entendo como algum entrevistador possa não ter feito. Muitas vezes comecei uma entrevista sabendo que o entrevistador não reservou 5 minutos de seu tempo para ler meu currículo ou perfil no LinkedIn. Quão descuidado é quem assim age? Não importa quão ocupada seja a pessoa, quão pressionada esteja, quão complicado seja o momento da companhia. Simplesmente, não importa. Todos temos 5 minutos para ler um currículo antes de começar uma entrevista.

1. Ser rude

Este item mereceria um artigo próprio, uma crônica da incompetência administrative. Há alguns anos fui a uma entrevista em uma consultoria de boutique em São Paulo. Foi marcada para as 9 horas da manhã de um belo sábado de sol. No horário estabelecido, eu lá estava… mas o entrevistador não. Ele seria o CEO da consultoria, última fase que era do processo seletivo. Eram 09:45h da manhã quando ele apareceu, estranhamente nervosa. Aparentemente, sua secretária marcara a entrevista naquele horário sem o seu consentimento. Disse ele nem saber que eu estaria lá. Independentemente disso, que culpa tinha eu de ter a secretaria, alegadamente, errado no calendário do executive?

Isto não fez diferença para aquele CEO. Ele foi mal-educado, rude. Externou grande falta de inteligência emocional. Nem bem 5 minutos se passaram, eu disse:

“Veja, eu não tenho nada a ver com o que pode ter acontecido entre você e sua secretária. E certamente não gosto do seu tom e da sua attitude. Assim, não vejo qualquer possibilidade de continuarmos esta entrevista. Não vou desperdiçar o meu tempo, nem o seu. Agradeço a oportunidade. Sucesso.”

E saí da sala depois de um desconfortável aperto de mão, quando ele nada disse. Não me lembro do nome do CEO, mas lembro da empresa.

Caberia um artigo específico para este dia porque esta entrevista, em particular, preencheria os 7 requisites aqui listados.

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Você reconhece um padrão nos 7 motivos acima? Todos exclamam “somos mais importantes que você, candidato, afinal, nós temos a vaga. Na verdade, você deveria estar agradecido por termos nos disposto a converser, independentemente de qualquer coisa.” Este tipo de arrogância se repete diariamente, o tempo inteiro, nas empresas. O alerta vermelho é nítido: nesta relação que começa a ser construída, você, entrevistado, é um ser inferior. Ela já se inicia desequilibrada, pronta para se romper.

Uma entrevista é o primeiro contato pessoal de um potencial funcionário com a empresa. Diz o ditado – e não é errado pensar assim, por ser provado cientificamente – a primeira impressão é a que fica. Os entrevistadores, portanto, deveriam ser ainda mais cuidadosos, afinal, numa entrevista, eles SÃO a empresa. A companhia está personificada na figura do entrevistador, que representará o que ela é. Portanto, se é deste jeito que eles atuam, não siga por este caminho: dali para frente só fica pior.

E você? Já passou por algo parecido ou por algum desses 7 motivos? Como você se sentiu e como reagiu? E quais outros sinais durante a entrevista você enxerga para não se trabalhar numa determinada empresa?

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